Pedro Pomar: Um Grande Comunista

Org. GEAPB

Ao Povo Brasileiro
7 min readSep 23, 2021

Prefácio

Tivemos poucos homens como Pedro Pomar, homem de coragem, que nunca fraquejou em sua firmeza e nunca traficou seus princípios, muito pelo contrário, combateu os que o fizeram enquanto esteve vivo. Natural do Pará, nascido em um dia como este, no ano de 1913, Pedro tinha quatro anos quando ocorreu a revolução de Outubro. No outro ano se mudou para Nova York por conta do pai, o peruano Felipe Cossío del Pomar, um socialista pequeno-burguês. Quando seu pai se separa de sua mãe, sua família — ele, sua mãe e seus dois irmãos — volta para Óbidos, sua cidade natal. Sua mãe sustentava os três filhos com seu trabalho de costureira.

Pedro viu de perto o que sofriam os trabalhadores do interior. Aos 13 anos deixou Óbidos e foi estudar em Belém do Pará, onde começou a se envolver no movimento estudantil. Era 1926, Pomar até então não havia tomado contato com o ainda tão jovem quanto ele, Partido Comunista do Brasil (PCB).

Na década de 30, o menino Pedro participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Após o levante ser esmagado, Pedro acabou indo para o Rio de Janeiro e nessa época foi recrutado pela escritora Eneida de Moraes, que lhe deu refúgio no Rio, para as fileiras do Partido Comunista do Brasil. Nascia ali um militante comunista.

Após esse tempo no Rio, Pedro Pomar retorna à Belém e conclui o ginásio. Com 19 anos, ingressou na Faculdade de Medicina e pouco tempo antes do Levante Popular de 1935, se casou com Catharina Patrocínia Torres, com quem teve 4 filhos.

A época não era das mais fáceis. O Partido estava na mais rigorosa clandestinidade imposta pelo Estado Novo, as perseguições eram constantes, mas já havia sido tomada à decisão: era hora de assaltar os céus. Como o próprio Pedro definiu mais tarde

O Partido Comunista não vacilou: resolveu preparar e desencadear a insurreição armada. Mesmo na ilegalidade, o trabalho de propaganda e arregimentação da Aliança foi incrementado. Para unir o povo na resistência, as bandeiras da luta antiimperialista e antifascista precisavam ser erguidas ainda mais alto. Eram disposições acertadas, oportunas. Mas em novembro, sentindo que os acontecimentos se precipitavam, contando com a influência da ANL entre praças e oficiais das Forças Armadas e julgando que o nome de Prestes galvanizaria o Exército, a direção do Partido apressou o desfecho da ação armada e lançou a palavra de ordem de Governo Nacional Popular Revolucionário, com Prestes à frente.

O Levante Popular de 1935 foi sufocado. Os motivos estão muito bem expostos no balanço feito por Pomar em A Gloriosa Bandeira de 1935, que se inclui neste compilado.

O Partido Comunista é cada vez mais perseguido. Olga Benário e seu companheiro Luís Carlos Prestes são presos. Olga é deportada para a Alemanha Nazista onde morre em um campo de concentração e Luís Carlos Prestes é posto incomunicável por ser a principal liderança revolucionaria dos comunistas brasileiros à época. Os militantes internacionalistas Harry Berger e sua esposa Sabo são torturados. Sabo morre e Harry fica louco em decorrência das torturas que sofre, mas não revelam nada à polícia.

Essa onda de repressão também atinge o Pará. Aos 22 anos Pedro Pomar é preso pela primeira vez com diversos companheiros, sendo solto pouco depois e preso novamente. Pouco tempo depois de solto de sua segunda prisão é preso pela terceira vez e junto com outros de seus companheiros foge da cadeia em direção ao Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto de 1941.

Passou por muitas dificuldades no Rio, mas nunca deixou de ser comunista e militar no Partido, que à época estava quase desmantelado. Pomar se empenha com todas as suas forças para reorganizar o Partido, ajudando a formar a Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP), encarregada de reorganizar o PCB em escala nacional, convocando e realizando a Conferência da Mantiqueira[1], em 1943. Após a Conferência Pedro Pomar se muda para São Paulo.

Em 1945, seguindo a linha do Partido à época, concorreu a uma vaga de deputado federal pelo Pará, sendo derrotado. Em 1947, seguindo a orientação do Partido, concorreu novamente e teve 100 mil votos, a maior votação da época.

Era membro do Comitê Central e da Comissão Executiva do Partido Comunista do Brasil e também exerceu a função de secretário de Educação e Propaganda, supervisionando 25 jornais mantidos em todo o país pelo Partido. Em 1950, Pedro Pomar passou à clandestinidade. Seu mandato foi cassado por um discurso feito no Congresso Mundial Pela Paz, no México.

Por conta de divergências com certos dirigentes burocratas e que seguiam uma linha incorreta, foi mandado para o Sul. Nessa época participou da luta de Porecatu e também atuou com dedicação nas lutas de massa sob o codinome Ângelo. Por conta do sucesso desse trabalho, voltou à São Paulo para dirigir mais greves. Após isso, foi mandado ao Rio e posteriormente à União Soviética onde estudou por 2 anos. Ao retornar participou do Comitê Regional Piratininga, que cuidava das atividades do Partido na Grande São Paulo. Em 1956, fez parte da delegação do Partido que foi assistir o Oitavo Congresso do Partido Comunista da China (PCCh).

Pomar foi um dos militantes mais ativos na luta de duas linhas dentro do Partido Comunista do Brasil (PCB) contra a camarilha de Prestes, que havia — após à morte de Stalin — assumido a linha revisionista de Khruschov. Por conta da sua firme decisão anti-revisionista, Pomar foi rebaixado diversas vezes de posição dentro do Partido, não porque levava uma prática incorreta, maus métodos de trabalho, mas sim por que para os revisionistas completamente convencidos de que deveriam lutar contra o “estalinismo” e por em prática à chamada “evolução pacífica” de Khruschov dirigentes como Pedro Pomar, Maurício Grabois, Lincoln Oest e outros eram um perigo terrível.

Após a Carta Em Defesa do Partido (ou Carta dos 100), Pomar e diversos outros companheiros foram expulsos do apodrecido “Partidão” e assumiram, em 1962, a tarefa de reconstruir o Partido Comunista do Brasil, com seu nome histórico e sob a sigla PCdoB, para que se diferenciassem dos revisionistas. Eleito membro do Comitê Central do PCdoB e redator-chefe de “A Classe Operária”, Pedro Pomar se dedicou à defesa do Pensamento Mao Tsetung (como era chamado o que viria a ser o Maoísmo após à sintetização feita pelo Presidente Gonzalo nos anos 80), da Guerra Popular e do Partido Comunista. A linha de direita dentro do Partido Comunista do Brasil — representada pelo dogmato-revisionista João Amazonas — sempre fez questão de afastar Pedro Pomar das questões militares e difama-lo aos quatro ventos para que este perdesse sua credibilidade dentro do Partido. O faziam em vão.

Após a derrota da Guerrilha do Araguaia, Pedro Pomar se torna expoente da Linha Vermelha dentro do Partido, por prosseguir na estratégia da Guerra Popular e fazer uma profunda autocrítica da experiência guerrilheira do Araguaia, avaliando seus pontos positivos e negativos.

Após uma reunião do Partido Comunista do Brasil (PCB), onde Pedro estava mais uma vez representando a Linha Vermelha juntamente com Ângelo Arroyo, camaradas cujas discordâncias no balanço da guerrilha jamais lhes impediu de persistir em conjunto na defesa da Guerra Popular e contra a capitulação, a polícia, informada por um delator, cercou a casa e fuzilou Pedro Pomar e Ângelo Arroyo, os assassinando brutalmente e forjando a mentira de um tiroteio que jamais existiu entre os dirigentes comunistas e os policiais.

Detalhe que devemos lembrar é que Pedro Pomar estava ali por conta da viagem de última hora que João Amazonas — quem de fato deveria estar na casa — fez com seus sequazes para Tirana, na Albânia. Coincidência ou não, após a morte de Pedro Pomar e Arroyo foi fácil para Amazonas liquidar o Partido Comunista, expulsando todos que discordassem da sua linha dogmato-revisionista albanesa e se colocassem na defesa do Presidente Mao e da Guerra Popular. Amazonas liquidou o partido colocando sua camarilha no controle do que hoje é a sigla podre e eleitoreira PCdoB.

Amazonas acreditou que havia conseguido realmente acabar de vez com o Partido Comunista do Brasil enquanto Partido revolucionário de Pomar, Grabois, Arroyo etc., mas se enganou. Os verdadeiros revolucionários brasileiros hoje não estão no tal PCdoB muito menos no PCBrasileiro, estão assumindo a tarefa exitosa de reconstituir o Partido Comunista do Brasil em luta contra o revisionismo e a reação, pela revolução de Nova Democracia, pela Revolução Agrária e pela Guerra Popular. Quando Pedro Pomar morreu foram estes que romperam com todo o revisionismo e levantaram sua bandeira vermelha bem antes que qualquer um desses revisionistas atuais sonhasse com o seu mísero registro no TSE.

A bandeira vermelha do grandioso Pedro Pomar, o maior dirigente comunista histórico do Brasil, é hoje desfraldada pelos revolucionários brasileiros que seguem e desenvolvem seu caminho.

Precisamos ensinar aos jovens revolucionários quem são os verdadeiros heróis, os verdadeiros revolucionários, os verdadeiros comunistas que deram a vida pela Revolução Brasileira, e é com esse objetivo que apresentamos, no aniversário de Pedro Pomar, esse compilado de textos com o objetivo de relembrar sua memória heroica e gloriosa.

Grupo de Estudos Ao Povo Brasileiro

23 de Setembro de 2021

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Nota de rodapé:

[1] II Conferência do Partido Comunista do Brasil (PCB) realizada na clandestinidade entre os dias 28 e 30 de Agosto de 1943, representou golpe mortal no liquidacionismo elegendo um novo comitê central, com Prestes — ainda preso- à frente como Secretário Geral e reunindo diversos representantes dos mais diversos estados do Brasil.

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Textos produzidos pelo G. E. Ao Povo Brasileiro para a divulgação da ideologia do proletariado e notícias sobre as lutas populares.